Saiba mais sobre o escritor Salustiano Souza

1. O que te motiva a escrever?

Desde pequeno sempre gostei muito de ler e tinha como projeto escrever. Já escrevi vários contos e poemas, mas não havia ainda escrito nenhum romance. No ano de 2012 resolvi colocar este projeto em prática.

Meu projeto envolve escrever romances, embora goste muito de escrever poesias e contos.

2. Como se dá o processo criativo na tua vida cotidiana?

Eu fico maturando a ideia, imaginando as cenas e depois as escrevo. Gosto de acordar cedo para escrever ou então a noite, quando há silêncio e mistério no ar. Algumas vezes um fato me chama a atenção e eu fico com aquilo em mente, num processo de criação, até se transformar num poema ou conto. No caso dos romances eu fico criando o enredo e escrevo um pouco e vou mudando o curso da trama enquanto escrevo.

3. Quais são os ROMANCISTAS E CONTISTAS mundiais e nacionais de sua preferência?

Existem vários autores que são meus favoritos. Gosto de Saramago, Morris West, Hemingway, Konsalink, Kundera, é difícil querer citar alguns, pois sempre se comete injustiça com os demais. Gosto de autores nacionais também, atuais como o Luiz Veríssimo, a Ligia Fagundes Telles e os antigos, como Machado de Assis, Alencar, Euclides da Cunha e tantos outros. Sempre digo que não há como recomendar um autor ou livro que seja imperdível, pois acredito que todas as pessoas deveriam ler pelo menos 100 livros na sua vida. Certamente elas veriam o mundo de forma bem diferente.

4. SETE LUAS é o seu primeiro romance? Quais as dificuldades que encontrou quando escrevia?

Sete Luas é meu segundo romance. O primeiro se chama “O Eterno Barnes”, um médico que tentava se tornar eterno, transferindo os dados de seu cérebro para o de um paciente.

A maior dificuldade, o grande problema de escrever é a disciplina e a motivação, pois fico constantemente me perguntando se vale a pena escrever ou não, ou se a história tem fundamento.

5. Quais as dificuldades que o escritor enfrenta para escrever e publicar? Enfim, por que existem mais cronistas do que contistas e romancistas?

Vejo que o grande problema é a criação e o enredo, o surgimento e desenvolvimento da ideia. Escrever é difícil e penoso, exige esforço e dedicação, embora quem esteja fora sempre ache que é fácil.

Analisando por essa ótica, a crônica se torna menos difícil (não mais fácil) em razão de tratar do cotidiano, da experiência que se visualiza, ou seja, o cronista traduz o que vê. O conto já envolve a criação de um mundo imaginário, que pode ser baseado na realidade ou não. Penso que exige mais esforço e mais criatividade. Já o romance necessita da trama dos personagens se entrelaçando nesse mundo imaginário, envolvendo muito mais esforço criativo e muito mais desenvolvimento.

Penso que os cronistas são mais vistos, pois precisam alimentar a mídia diuturnamente, já os contistas e romancistas não tem como expor seu trabalho com tamanha frequência. Mas não creio que existam graduações na arte de escrever. Como em todas as manifestações artísticas existem os bons e os ruins, sempre ao alvitre do humor do leitor.

Já publicar um livro é mais difícil ainda, os custos são altos e a grande maioria que publica acaba arcando com os custos praticamente sozinho.

6. Em que situação está, hoje, o ensino de literatura nas escolas? Como ela pode ser melhorada?

Vejo o livro como a grande conquista do ser humano e que está perdendo terreno gradativamente para outros meios de mídia.

Por essa razão temos hoje um grande desafio que é o despertar nas crianças e jovens o prazer da leitura. A mídia virtual está tomando o lugar dos livros convencionais e não está sobrando tempo para ler. Não sou especialista em educação, mas fui professor por muitos anos e percebo que hoje as “cartilhas” são muito direcionadas, não despertando o interesse pela leitura. Para melhorar esse quadro as escolas precisam se adequar ao moderno, “ambientando” o livro, criando mecanismos de incentivo à leitura, promovendo eventos literários, ou seja, trazer o livro para o centro do ensino.

7. Qual é a temática central de SETE LUAS? Por que escolheu este tema?

A temática trata de uma tribo indígena que precisa ser realocada em razão da inundação de suas terras pela represa de Belo Monte, no Pará. O livro mostra a discussão do progresso e seu preço, a busca desenfreada do lucro e a pureza do conhecimento indígena. É um romance onde tento demonstrar o contraste entre a pureza do coração de alguns e a avareza que busca o lucro desenfreado. Acredito que é um livro sensível e humano.

Escolhi o tema a partir de contatos que mantive com indígenas e ao perceber que por trás de sua condição de penúria havia conhecimentos inexplorados. Me aprofundei no tema e surgiu o romance.

8. No momento, você está preparando outro livro? De contos, poesias, crônicas ou romance?

Estou com o projeto de iniciar um outro romance, estou ainda na fase de pesquisa e desenvolvimento da ideia. Posso adiantar que é uma história ambientada em Jerusalém.

9. Por que o brasileiro lê tão pouco? Como isso poderia ser melhorado?

Falta-nos o hábito de leitura. Falta os pais lerem ou contarem histórias para seus filhos, falta tomarmos consciência do tesouro que o livro é. Infelizmente os trabalhos envolvendo o incentivo à leitura são feitos por poucos abnegados. Nosso país busca a qualquer custo erradicar o analfabetismo, mas não contabiliza os analfabetos funcionais, aqueles que dizem saber ler, mas não compreendem que leem. E o acesso ao livro é ruim, seja no custo, seja na distribuição, seja no alcance. Não temos uma política nacional voltada para o incentivo à leitura.

10. A Internet pode mudar a forma de escrever? De que forma ela pode ajudar a divulgar a literatura?

Estamos passando por uma revolução, onde o livro acaba sendo rotulado como algo chato e tedioso. Estamos na era “fast”, tudo tem que ser rápido e abreviado, ninguém mais consulta dicionário e o vocabulário está sendo reduzido a poucas palavras e, ainda por cima, abreviadas.

Esse processo acaba por nos embrutecer, porque as palavras traduzem sentimentos e se diminuirmos o uso das palavras, diminuímos consequentemente a percepção dos sentimentos, as nuances que podem ser formadas pelo uso dessa ou daquela palavra. Hoje temos aplicativos que escrevem romances baseados nas características de determinado autor. Mas esses aplicativos não conseguem urdir tramas que envolvem sentimentos, pois isso é intrínseco do ser humano, pelo menos até hoje.

No entanto, a internet pode servir como ferramenta poderosa de divulgação, pois atinge rapidamente muitas pessoas ao mesmo tempo. Infelizmente a quantidade de material imprestável que circula é altíssima. Hoje temos dificuldade de separar o que é bom do que é ruim. Acredito que aos poucos vamos caminhando para melhor.

É provável que o livro convencional desapareça, mas creio que a leitura não vai desaparecer, pois é a única forma de saber o que meu semelhante pensa.

 

Liberta

Liberta a alma de todo pejo,
não seja o pudor invencível estorvo,
no garimpo da palavra bem dita,
na expressão do mundo que vejo.

Não seja a mente triste sarcófago,
da palavra ansiosa e aflita,
trancafiada pelo acanhamento,
 mesmo que sombria, seja ela bendita,
Inefável não seja o sentimento.

Liberta a alma corajosa,
vislumbre em tudo a contida graça,
até em  tempestades e redemoinhos,
em vales sombrios, onde a tristeza é ameaça
da flor veja-se a beleza,
sem esquecer-se de ver seus espinhos.

Sendo, pois, a vida um sopro
e o medo senhor que devora,
liberta a alma, sem mordaça,
Saiba-se que, como o tempo, tudo passa,
entenda-se que a felicidade é o agora.

Odenilde Nogueira Martins – 30/07/15


Aniversário

Mario Quintana (1906-1994) faria aniversário hoje (30/07)! O "poeta das coisas simples" também foi tradutor e jornalista e é considerado um dos maiores poetas brasileiros do século 20. Traduziu mais de 130 obras e é autor de “Esconderijos do Tempo”, “A cor do invisível” e “Apontamentos de História Sobrenatural”.

Princesa Isabel

Princesa Isabel (1846-1921) faria aniversário hoje (29/7)! Conhecida como “a redentora dos escravos”, ela foi a primeira mulher a administrar o Brasil. Princesa Isabel foi responsável pela assinatura da Lei do Ventre Livre, que libertava os escravos nascidos depois de 1871, e da Lei Áurea, que aboliu o regime escravocrata no país.

LER POESIA É MAIS ÚTIL PARA O CÉREBRO QUE LIVROS DE AUTOAJUDA, DIZEM CIENTISTAS

Você já podia imaginar, mas agora está evidenciado cientificamente: ler poesia pode ser mais eficaz em tratamentos psicológicos do que livros de autoajuda. E mais: textos de escritores clássicos como Shakespeare, Fernando Pessoa, William Wordsworth e T.S. Eliot, mesmo quando de difícil compreensão, estimulam a atividade cerebral de modo muito mais profundo e duradouro do que textos mais simples e coloquiais.

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Um texto já publicado pela agência EFE, mas que poderia ser revisto, afinal estamos comentando sobre a velha história da análise crítica sobre Literatura tida como de qualidade e a Literatura tida como de entretenimento, e mais, auto-ajuda: a leitura de obras clássicas estimula a atividade cerebral e ainda pode ajudar pessoas com problemas emocionais, diz estudo.

Ler autores clássicos, como Shakespeare, Fernando Pessoa, William Wordsworth e T.S. Eliot, estimula a mente e a poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool.

Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos e depois essas mesmas passagens traduzidas para a "linguagem coloquial".

Os resultados da pesquisa, antecipados pelo jornal britânico "Daily Telegraph", mostram que a atividade do cérebro "dispara" quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano.

Esses estímulos se mantêm durante um tempo, potencializando a atenção do indivíduo, segundo o estudo, que utilizou textos de autores ingleses como Henry Vaughan, John Donne, Elizabeth Barrett Browning e Philip Larkin.

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Os especialistas descobriram que a poesia "é mais útil que os livros de autoajuda", já que afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva.

"A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças", explica o professor David, encarregado de apresentar o estudo.

Após o descobrimento, os especialistas buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual, caso das obras de Charles Dickens.

© obvious: http://lounge.obviousmag.org/cafe_nao_te_deixa_mais_cult/2014/01/ler-poesia-e-mais-util-para-o-cerebro-que-livros-de-autoajuda-dizem-cientistas.html#ixzz3hCc7208T 


Poemas meus no jornal "Notícias do dia" - 27/07/15



José Fernandes Os poemas de minha querida amiga Odenilde Nogueira Martins apresentam qualidades estéticas que fazem dela uma grande poetisa. Sua criatividade é impressionante.( opinião)
Hoje (26/07), Carl Gustav Jung (1875-1961) faria aniversário! O psiquiatra suíço fundou a psicologia analítica, também conhecida como junguiana, e desenvolveu conceitos psicológicos como inconsciente coletivo, arquétipo, complexo e sincronicidade.


Imagem: Carl Jung/Fonte: Wikimedia Commons



Hoje (25/7) é o Dia do Escritor! A data foi instituída em 1960 após o sucesso do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado pela União Brasileira de Escritores, que na época tinha João Peregrino Júnior como presidente e Jorge Armado como vice.

SEXTA À NOITE - Nelson Bortoletto

Uma sexta-feira como hoje é um dia ideal para se ir a um desses piano-bar da cidade, ocupar solitariamente uma mesa num canto bem discreto, pedir uma garrafa de vinho branco bem refrescado, num balde com um pouco de gelo e ficar ali, bebericando e observando.

Mas tem que ser um bar onde ninguém nos conheça. Quem dará atenção a um homem sessentão, sentado à mesa do fundo de um bar?

Nesses ambientes, nas noites da cidade, os rapazes e as moças costumam ir com um único intuito: encontrar companhia e, para tanto, vão todos empavonados, com as roupas da moda, se possível, num visual bem original e que às vezes beira o exótico. É bonito, interessante de se admirar.

Daí, os rapazes e as moças, cheios de gestos charmosos, caras e bocas, expõem-se num ritual de flertes e posturas com frases pretensamente insinuantes, exatamente como acontece na selva entre os passarinhos.

Nada de novo no front de batalha...

Só que, desculpem-me a franqueza um tanto quanto ácida, principalmente nos homens, anda faltando uma certa criatividade e, na simples exposição de bíceps avantajados e cabelos bem cortados, vão se apoiando na ideia de que só isso basta.

Não, não basta.

Com o passar das horas, a bebida subindo e o bom senso descendo, vão perdendo o encanto e deixando a luz iluminar os seus vazios.

Eis que, de repente, uma certa moça olha para outra moça, acham-se mutuamente interessantes e, compartilhando as mesmas impressões, encantam-se uma com a outra e saem, juntas e com uma amizade florescente a descoberto.

Os rapazes? Ah, esses ficam lá, esbanjando mediocridade e terminam a noite discutindo futebol.

As moças estavam com a razão, afinal.

Eu me mato de rir, pago meu vinho e vou escrever alguma coisa, que meu tempo já se esgotou.

-Nelson Bortoletto-

David Gonçalves: conversa com José Fernandes

1.O que te motiva a escrever?

Creio que escrevo por um impulso. Impulso de transformar a realidade, aquilo que nos rodeia, em arte. Há, também, em determinadas criações, um gosto de vingança do mundo e das pessoas que o transformam no inferno. Isso ocorre em determinados contos e crônicas, mas, com frequência maior, nos poemas. Quando trabalhava em uma universidade particular, por exemplo, o ato de vingar-me através dos poemas me permitia suportar atividades absurdas a que tinha de me submeter para manter o emprego. Escrever, portanto, é uma forma de conviver bem comigo mesmo, de sentir-me realizado ao sentir que produzi um bom conto ou um bom poema, embora o meu forte seja a crítica literária. Quando faço crítica, analiso textos de outros escritores, mormente poemas, em profundidade, já que o poético instiga o leitor a várias interpretações, uma vez que as imagens vergastam as palavras e fazem-nas dizer o indizível. 

2. Como se dá o processo criativo na tua vida cotidiana?

A inspiração ocorre de forma inesperada. No caso do poema, o contentamento ou o descontentamento com alguma coisa, pode inspirar o primeiro verso. A partir daí, vem o ato de transformar o real em imagens poéticas, que variam muito, de acordo com o assunto. Além disso, a leitura de outros poemas costuma levar à criação do meu poema, mediante intertextualização que, às vezes, lembra o texto lido, e, às vezes, distancia-se tanto dele, que se torna impossível estabelecer qualquer relação entre o meu texto e o poema lido. A ficção, além do sonho que pode funcionar como ponto de partida, pode advir de um fato real, como no conto "Florindo, a beata", ou o próprio "Navegante", em que o real, a morte criminosa do boi, enseja a imaginação e o imaginário, que levam a personagem à loucura. Além disso, perpassa o discurso uma espécie de vingança, uma vez que convivi com a junta de bois e com o Jodisão. O "insite" foi uma estátua de boi, à beira da rua. Ela me trouxe ao presente o acontecimento de infância que foi alimentado pela imaginação e pelo imaginário.

3. Quais são os contistas mundiais e nacionais de sua preferência?

Gosto muito dos grandes contistas da literatura universal: Gorki, Maupassant, Poe... Nacionais, gosto de Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Dalton Trevisan, Anibal Machado, Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo Élis, Murilo Rubião, Elias José e, de modo especial, Machado de Assis e José J. Veiga. Os chamados "cronistas do absurdo", mesmo não sendo todos contistas, como Beckett, Ionesco, Fassbinder e Kafka, me fascinam.

4. Você é conhecido como ensaísta, poeta e cronista. "Navegante" é o seu primeiro livro de contos?

Não. Meu primeiro livro de contos se chama "Assombramentos", do qual fazem parte alguns contos de "Navegante", que também faz parte de sua segunda edição. Minha veia contística é meio entupida, que faz com que os contos me ocorrem raramente. É difícil ocorrer-me um fato real que suscite um conto, ou um sonho, como me ocorreu com os contos "A estrada", "O convite" e "Os mortos também se alimentam". 

5. Quais as dificuldades que o escritor enfrenta para escrever o conto? Enfim, por que existem mais cronistas do que contistas?

A estrutura do conto compreende a existência de uma trama, de um suspense e de um desfecho, de preferência, inesperado. Além disso, como o fez Machado de Assis, ele tem de ser recheado de símbolos que contribuirão para o enriquecimento da trama e, sobretudo, pela instalação do estético. Deve ser isso que dificulta escrever-se um bom conto. A crônica, a despeito de apresentar-se em inúmeras faces, como filosofia, ciência, sociologia, se realmente quiser fugir ao efêmero, não necessita desses detalhes típicos do conto. É apenas um discurso desenvolvido em torno de um tema, como o absurdo de se querer cassar um livro, como "A caçada de Pedrinho", acusado indevidamente de racismo. Exige, é verdade, bons argumentos; mas, não, a presença de personagens, de suspense, sustentados por uma trama bem arquitetada. Deve ser por isso que há mais cronistas que contistas. É o que eu digo, se for...

6. Em que situação está, hoje, o ensino de literatura nas escolas? Como ela pode ser melhorada?

O ensino da literatura nas escolas segue o mesmo descalabro por que anda o ensino em geral. Essa história de generalizar tudo com o maldito ENEM acaba com as peculiaridades culturais de cada estado e de cada região do país. Esse mesmo descalabro se observa com relação à literatura produzida em determinados estados em que não se observa aquele bairrismo necessário ao incentivo e à conservação dos valores locais. O professor de literatura tem de estar imbuído desse espírito, além de saber que a literatura é a fonte de todo conhecimento, à medida que, nela, é que se aprende a verdadeira dimensão do universo. Para superar esse obstáculo e atingir o nível de conhecimento necessário, o professor tem de ler muito para incentivar a leitura. São poucos os colégios em que se encontram professores realmente conscientizados da importância da literatura, sobretudo depois que transformaram o curso de letras em cursinho de três anos, em que não se estuda mais a literatura, como se deve, em nível universitário. 

7. Os contos de NAVEGANTE revelam uma espécie de rotinização do fantástico, a transfiguração da realidade, o sentido oculto do mundo. A literatura do absurdo não se distancia da realidade?

O absurdo está tão presente na realidade que se torna difícil, às vezes, verificar onde termina o real e começa o surreal. Assim, contos realmente fantásticos de "Navegante" seriam "Florinda, a beata" e "Navegante", em que se observa a presença do sobrenatural. A maioria deles é absurda, naquele sentido propalado por Albert Camus, em "O mito de Sísifo", e criado pelos cronistas do absurdo, como Kafka, Beckett, Ionesco. Fassbinder, José J. Veiga. Há contos, como "O convite", em que absurdo e fantástico convivem no mesmo discurso, como faz José J. Veiga, em "A ilha dos gatos pingados", por exemplo. Se o leitor verificar o que se passa em cada um dos contos, constatará que a realidade e o absurdo estão muito próximos, como se vê, por exemplo, no conto "Trabuzana", em que a corda arrebenta do lado mais fraco. 

8. No momento, você está preparando outro livro? De contos, poesias, crônicas?

No momento, tenho vários livros, mais ou menos na dimensão desse, preparados. A maioria é ensaio: um sobre literatura e filosofia, outra sobre José J. Veiga e outro, sobre Bernardo Élis. Há um, porém, um de poemas, prontinho. Só falta grana para publicá-los, quer por parte do autor, ou de alguma editora que os queira assumir. 

9. Por que o brasileiro lê tão pouco? Como isso poderia ser melhorado?

A leitura é um hábito inteiramente dependente do grau de cultura. Como a maioria dos brasileiros é analfabeta funcional, o hábito da leitura se torna quase impossível, mesmo diante da facilidade de se ter o texto em forma de livro ou de postagem na internet. Se você observar, ao postar um texto no Facebook, por exemplo, constatará que, mesmo entre seus amigos, poucos irão lê-lo. Há uma indisposição cultural para a leitura. Isso é realmente lamentável. 

10. A Internet pode mudar a forma de escrever? De que forma ela pode ajudar a divulgar a literatura?

Creio que a internet pode influenciar não na forma de escrever, de manusear a língua; mas na extensão do texto, à medida que tudo tende a tornar-se mais rápido. Como forma de divulgação, ela ajuda muito, desde que o internauta já disponha de disposição cultural para a leitura. Se não, ele não se mostrará interessado em ler, mesmo vendo a propaganda, ou simples divulgação de um livro ou mesmo postagem de um texto. 








Conversa com David Gonçalves

1 - Nome completo, idade, formação.


David Gonçalves, 62 anos, mestre em Literatura Brasileira, doutorado incompleto [por desilusão com o ensino das universidades, cheguei a escrever a tese...]. Mas isso não me fez abandonar o caminho: decidi ir por conta própria, pesquisando, estudando, escrevendo; na maior parte, sem apoio. Sou, enfim, da geração que publicou textos em mimeógrafos e distribuía nas escolas e ruas. Hoje, ninguém conhece um mimeógrafo... Está mais fácil publicar.

2 - Livros publicados.

Mais de vinte, entre eles: Geração viva, Acima do chão, O sol dos trópicos, Águas de outono, Sangue verde.... Na quantidade, as edições somam mais de 250.000 volumes. Alguns com mais edições, como o "Terra Braba", que está na décima sétima edição, e outros que ainda estão na primeira. Para escritor brasileiro, não estou tão mal.

3 - Fale sobre o Bola de Fogo: quantos contos, o que abordam, quantas páginas, Editora, custo da obra e onde pode ser encontrada.

"Bola de fogo" reúne trinta contos inéditos, escritos nos últimos três anos. O tema do conto "Bola de fogo" é a essência da vida. A personagem afirma: "Eu não quero ser salvo, quero ser gasto". O que é a vida: simplesmente energia. Quanto mais se gasta, mais se tem. As pessoas que nada fazem morrem rapidamente, porque não se renovam... O homem, por incrível que pareça, é o tipo de "máquina" que se degenera por falta de uso. Quando se tem energia, montanha alguma parece suficientemente alta: os limites entre o trabalho e a diversão simplesmente se apagam, e tudo se transforma em paixão. As pupilas crescem, os olhos brilham! E todo ser possui grande reserva de energia, muito acima da quantidade que jamais poderia esperar... Escrever, para mim, é paixão.

Mas, nos outros contos, a temática varia entre o estranho e o fantástico, e o realismo mágico. Inclusive, o último conto - "Um estranho prazer" - é narrativa policial, o mais longo, quase uma novela. Uma experiência nova para mim, já que sempre abordei temas relacionados ao homem, à terra, ao êxodo rural, a violência, os desencontros...

7 - Como começou a escrever, o que o motiva e o seduz para escrever? O que a literatura significa na tua vida?

Escrevi meu primeiro conto com 14 anos. Depois escrevi um romance longo, dos 16 aos 18 anos ["Bagaços de gente"] que nunca foi publicado [nele eu imitava os grande autores brasileiros]. Dos 18 aos 20, escrevi o romance "As flores que o chapadão não deu", um dos primeiros livros sobre o racismo no Brasil, que a polícia federal recolheu [1972 - ditadura militar]. Hoje, o romance está na oitava edição, depois de ter ficado 16 anos engavetado.

A literatura é minha bola de fogo, a grande motivação pela vida. Sem ela, não saberia como viver.

8 - "Conselhos" aos novos escritores e aos que ainda guardam textos nas gavetas...

Conselho é algo que não se dá... Mas segue o que eu penso: primeiro, sentir a literatura como uma espécie de chamado, um dom. Depois, procurar conhecimento, ler muito, desde os autores pequenos aos grandes da literatura mundial; e não ter medo do fracasso. Ir publicando, ir corrigindo, ir melhorando, ir motivado pela longa estrada, não ficar pensando no sucesso fácil, pois a boa literatura nunca foi e jamais será literatura de massa.

9 - Fale um pouco sobre a experiência na presidência da Associação Confraria das Letras.

Foi uma experiência ótima - reunir escritores numa associação, incentivar a criação literária, encorajar as publicações, fomentar a vontade de escrever. Os escritores são muito solitários. Mas, quando juntos, se tornam grandes! Juntos, somos mais.

10 - Como está a literatura catarinense e nacional, especialmente em tempos de "crise"?

A literatura catarinense vai bem, a nacional também. O problema no Brasil é o hábito de leitura. Simplesmente, a maioria das pessoas não gosta de ler. Por incrível que pareça, há professores que, há anos, não leem nenhuma obra relevante. E os ricos e políticos se vangloriam dizendo: "Não tenho muito estudo..." Portanto, o problema reside no hábito de leitura...

11 - Considerações finais.

Começo o "Bola de fogo" com uma citação de Santo Thomás de Aquino: "Temo o homem de um livro só". O que dizer, então, do homem que nunca leu um livro? Este homem vive em absoluta escuridão, como se fosse a Idade Média, provavelmente manipulado por espertalhões. De nada adianta o Brasil ser a sétima economia do mundo se, na questão educação, estamos numa posição vexatória... [na posição 86]. Mas, com boa leitura, poderemos mudar tudo isso.

Agenda cultural

Ernest Hemingway (1899-1961) faria aniversário hoje (21/07)!

O escritor norte-americano é autor de “O Sol Também Se Levanta”, “Por Quem os Sinos Dobram” e “O Velho e o Mar ”. Hemingway foi ganhador do prêmio Pulitzer de 1953 e do Nobel de Literatura de 1954.

Imagem:Ernest Hemingway / Fonte: Pixabay


Agende-se!





POESIA
Hoje (19/7) comemoramos o aniversário do poeta russo Vladimir Mayakovsky (1893-1930)! Conhecido como "o poeta da Revolução", ele também foi dramaturgo e teórico. Vladimir Mayakovsky integrava o cubofuturismo, movimento artístico de vanguarda russa.

Lança - poema

Lança

Mão firme, avança,
Lança a lança de paixão cortante,
Lança pedra,
Lança flor,
Lança o beijo,
Que me alcança.

Lanço-me em seu encalço,
Quanto mais corro,
Menos alcanço,
Avanço...
Lanço flor,
Lanço beijo.
Você ri,
Faz troça,
Lança a lança cortante,
Lança pedra,
Lança esta dor abrasante.


Odenilde Nogueira Martins – 17/07/15

Encantada - poema

Encantada

De cômodos poucos e minúsculos,
paredes por retratos e  quadros de santos, enfeitadas,
janelas  de madeira rústica sem vidraças,
por cortinas de chita, ornadas.
Lá, porta uma só havia:
por onde se entrava,
também se saía.

À noite, no alto do morro,
listras luminosas espargidas,
lançadas em diferentes lados,
saíam das paredes fendidas.

Fachos pálidos de luz,
sumiam e apareciam.
Carregado pra lá e pra cá,
por mãos de sombras bruxuleantes,
que em seu interior perambulavam,
um lampião a querosene lá,
no alto do morro,
a escuridão da noite alumiava.

Paredes por retratos e quadros de santos enfeitadas,
janelas  de madeira rústica sem vidraças,
por cortinas de chita, ornadas.
E, fora, a noite geometricamente cerzida,
por luz em fachos retos
e pelos circulares piscares...
Intermitentes...
dos pirilampos.

Assim, era a casa encantada...
De muita vida contida,
nela pulsavam todos os cantos,
inspiravam incontáveis histórias...
Tão simples e de encantos tantos!
Odenilde Nogueira Martins – 17/07/15



Agende-se!

DVD Chico Buarque Na Carreira - Um pouco de boa música para começar bem o dia.

Tico-tico No Fubá ( Ney Matogrosso - Batuque ) Gosto por demais deste moço! Quanto talento!

Clã Brasil & Sivuca - Feira de Mangaio - Maravilhosoooooooo




TVBE NO AR - Professora proibida de ler na infância quer lançar livro

Sugestão de leitura

Faça o teste!

Teste os seus conhecimentos.

1) a. Não há mais nada entre mim e você. / b. Não há mais nada entre eu e você.

2) a. Faz dois meses que não o vejo. / b. Fazem dois meses que não o vejo?

3) a. Não grite, senão eu não consigo estudar. / b. Não grite, se não eu não consigo estudar.

4) a. Em fim estamos juntos! / b. Enfim estamos juntos!

5) a. Estás com um tersol no olho esquerdo. / b. Estás com um terçol no olho esquerdo.

6) a. Há dez anos atrás, cheguei aqui. / b. Há dez anos, cheguei aqui.

7) a. Fui à Roma ano passado. / b. Fui a Roma ano passado.

8) a. A porta estava meio aberta. / b. A porta estava meia aberta.

9) a. A jovem saiu da sala e disse “obrigada”. / b. A jovem saiu da sala e disse “obrigado”.

10) a. Comprei um  piano de calda. / b.Comprei um piano de cauda.

11) Comprei duas saias laranjas. / b. Comprei duas saias laranja.

12) você é muito anti-social. / b. Você é muito antissocial.

13) Se eu ver a Carla, dou o recado. / b. Se eu vir a Carla, dou o recado.

14) O professor melhorou o moral da turma. / b. O professor melhorou a moral da turma.

15) O meu time  é bicampeão. / b. O meu time é bi-campeão.

16) Fui ao cabelereiro ontem. / b. Fui ao cabeleireiro ontem.

17) Ele ganhou 1,5 milhões de reais. / b. Ele ganhou 1,5 milhão de reais.

18) Os Estados Unidos concordou com o acordo. / b. Estados Unidos concordou com o acordo.

19) Eu quiz o vestido mais caro. / b. Eu quis o vestido mais caro.

20) Daqui a dois anos, terminarei o curso . / b. Daqui há dois anos, terminarei o curso.

21) Quebrou o seu óculos. / b. Quebrou os seus óculos.

22) Tinha aceitado o presente. / b. Tinha aceito o presente.

23) Eu nunca lembro do seu aniversário. / b. Eu nunca me lembro do seu aniversário.

24) Viagem em paz. / b. Viajem em paz.

25) O comprimento entre os presentes foi cordial. / b. O cumprimento entre os presentes foi cordial.

26) O time foi para a semifinal. / b. O time foi para a semi-final.

27) Meu amigo namora com a vizinha. / b. Meu amigo namora a vizinha.

28) Os motoristas devem obedecer o sinal. / b. Os motoristas devem obedecer ao sinal.

29) O aluno estava com disenteria, por isso não foi à aula. / b. O aluno estava com desenteria, por isso não foi à aula.

30) O homem apareceu de sopetão. / b. O homem apareceu de supetão.

31) O marcineiro não trabalhou ontem. / b. O marceneiro não trabalhou ontem.

32) Fui a França. / b. Fui à França.

33) O basculhante do banheiro está quebrado. / b. O basculante do banheiro está quebrado.

34) Aquela moça é  granfina. / b. Aquela moça é  grã-fina.

35) Estou passando mal. / b. Estou passando mau.

36) Onde você vai ? / b. Aonde você vai?

37) Saí cedo porque eu tinha uma reunião. / b. Saí cedo por que eu tinha uma reunião.

38) Sofreu um ferimento na parede toráxica. / b. Sofreu um  ferimento na parede torácica.

39) Alguns empecilhos fizeram com que se atrasasse. / b. Alguns impecilhos fizeram com que se atrasassem.

40) Curta o seu momento! / b. Curte o seu momento!

41) Eles não assistiram o jogo. / b. Eles não assistiram ao jogo.

42) Por que você está tão anciosa? / b. Por que você está tão ansiosa?

43) Ficaremos em minha casa até as 3h. / b. Ficaremos em minha casa até às 3h.

44) Vamos se ver amanhã? / b. Vamos nos ver amanhã?

45) Paulo é  meio tan-tan. / b. Paulo é  meio tã-tã.

46) Estão falando sobre eu e você. / b. Estão falando sobre mim e você.

47) Comprei uma  bandeija de prata. / b. Comprei uma  bandeja de prata.

48) A geladeira não tem mais concerto. / b. A geladeira não tem mais conserto.

49) O eminente filósofo apresentou suas teses. / b. O iminente filósofo apresentou suas teses.

50) Sairemos ao meio-dia e meia. / b. Sairemos ao meio-dia e meio.